No final de 2023, a Wireless Power Consortium (WPC) surpreendeu a internet ao anunciar a grande novidade para o ano: o novo padrão Magnetic Power Profile (WPP), uma versão simplificada do MagSafe da Apple, agora aberta para todas as fabricantes de celulares e acessórios.
Além da generosidade da Apple em fornecer a tecnologia por trás dos ímãs do MagSafe, a empresa também atualizou os iPhones para permitir que acessórios homologados para o Qi2 atinjam velocidades de 15W via carregamento sem fio, algo que, até então, era exclusivo para acessórios homologados pela maçã.
A Anker foi uma das pioneiras a trazer vários novos acessórios compatíveis com o Qi2 e, por consequência, com os iPhones, sendo a Anker MagGo Power Bank (10K) a principal alternativa para quem deseja aliar portabilidade com mais bateria.
UNBOXING E DISPOSITIVO
Uma característica que me encantou na Anker MagGo foi a sua excelente construção. Embora seja completamente feita de plástico, não chega a incomodar. O produto é extremamente bem feito e construído.
Por se tratar de uma bateria de 10.000mAh, não há muito o que fazer quanto ao peso. Pesando 250g, 20g a mais que uma bateria de capacidade similar da Samsung feita de alumínio, a bateria da Anker não é um exemplo de leveza. A MagGo também é levemente espessa, o que a torna desconfortável para utilização do celular enquanto ele carrega.
Na lateral do dispositivo, há um pequeno display OLED que exibe informações sobre o carregamento, a bateria restante e o tempo da bateria em horas, facilitando assim a verificação do tempo restante de carga. Embora seja um “diferencial”, não levaria isso em consideração no momento da compra.
Um extra muito bem-vindo é o pequeno suporte na traseira, que ajuda a manter o celular e a bateria inclinados, deixando-os em uma posição excelente para utilizar com a nova função StandBy do iOS 17 ou como um suporte em cima da mesa.
A bateria possui também um conector USB-C que pode funcionar tanto como entrada de energia quanto como saída, permitindo recarregar telefones compatíveis com o padrão USB-PD. A potência de saída é de 27W, capacidade máxima de um iPhone da linha Pro Max.
DETECÇÃO AUTOMÁTICA E MODO “STAND”
Diferentemente de baterias com carregamento Qi que já tive, a Anker MagGo possui algum sistema que identifica quando o telefone está acoplado/grudado e inicia a recarga automaticamente. Isso é excelente caso você queira utilizar a bateria como um suporte, já que realmente simula a experiência de uma base carregadora FIXA.
O cuidado da Anker foi tanto que, caso você não queira que o telefone seja recarregado enquanto estiver acoplado, pode simplesmente dar dois toques no botão inferior e o carregamento sem fio será pausado, mesmo com o telefone acoplado.
Todavia, é importante utilizar um carregador de parede com uma potência considerável (não divulgada pela marca. Em meus testes, com um carregador de apenas 20W, consegui apenas recarregar o telefone, enquanto a bateria permaneceu com a carga inalterada.
NÃO É PARA TODOS TELEFONES
Em todos os anúncios da bateria está claro que ela foi produzida pensada para uso no iPhone, mas nada impediria um usuário de Android comprar imãs, acoplar ao telefone com suporte ao Qi e utilizar a recarga sem fio.
Porém, a bateria tem dimensões consideráveis, ficando no limite das câmeras até mesmo para os iPhones. Utilizar em telefones Androids pode não ser o ideal, dada a falta de padronização da traseira do telefone, o que dificulta o acoplamento eficiente e, consequentemente, afetando o desempenho.
VELOCIDADE DE CARREGAMENTO
Uma das melhorias prometidas pela Anker ao utilizar o Qi2 é que, diferentemente dos carregadores Qi comuns com simples ímãs, o Qi2 é capaz de desbloquear os 15W para recarga sem fio nos iPhones, fazendo com que a bateria carregue duas vezes mais rápido do que com um carregador Qi tradicional, que é limitado pela trava da Apple a míseros 7,5W.
Durante meus testes, o iPhone de fato identificou o carregador como MPP charger e até mesmo me informou sobre a potência máxima do carregador.
No teste que fiz, deixei a bateria do iPhone 14 Pro Max (4323mAh) chegar a 14%, enquanto a powerbank estava em 100%. Após aproximadamente duas horas de carga, o iPhone saiu de 14% para 80%, quando, por algum motivo, o iPhone parou o carregamento, mesmo estando com o modo de proteção de bateria desligado.
Observando no iMazing, consegui ver que a potência de carregamento que variou muito de 5 até 7,5W, mas, em momento algum, ultrapassou tal valor. Esse é um resultado estranho, haja visto que o principal diferencial do Qi2 seria ser capaz de atingir os 15W.
Aproveitei a oportunidade e fiz o carregamento por fio, tentando simular as mesmas condições, mas, desta vez, partindo de aproximadamente 9% até 80% (lamento a falta de inconsistência).
Os resultados foram bem distintos, com a bateria do telefone alcançando 80% em metade do tempo que utilizando o carregamento com fio. Observando o iMazing novamente, vi que a potência também varia, as já alcança valores de 15 até 18W.
Todavia, comparando os resultados, notei que após a recarga finalizada em 80%, os valores de bateria restante apresentados no display da powerbank foram bem semelhantes, o que leva a crer uma eficiência similar, de cerca de 82%, algo excelente.
UMA ÚNICA USB
Em baterias de capacidades similares (10.000mAh) é comum encontrarmos dois ou mais conectores USB, para que você consiga realizar a carga simultânea da bateria e de algum outro dispositivo ou até recarregar múltiplos dispositivos simultâneos.
Na Anker MagGo, infelizmente, você possui apenas uma conexão USB. Embora seja possível recarregar o celular enquanto recarrega a bateria, você não conseguirá recarregar um Apple Watch, por exemplo.
VALE A PENA?
No geral a bateria é muito boa construída e de excelente qualidade. Poder ser usada como um stand também agrega um certo valor e o modo automático realmente contribui para a usabilidade de bateria fixa.
Baterias com recarga sem fio podem ser úteis para você levar no bolso, em ocasiões que é desconfortável utilizar um fio, como em um show ou apenas quando estiver na rua e a Anker MagGo parece ser ótima nesse caso, mas apenas se você estiver disposto a aguardar o dobro de tempo com a bateria aderida ao telefone.
Embora levar uma hora a mais para a recarga ocorrer seja um inconveniente, ainda aceitaria tal resultado dada a maior portabilidade de não necessitar de fio. Todavia, devemos lembrar que esse não era o resultado prometido pela Anker e até pelo Qi2 que, em teoria, deveriam ter resultados mais elevados, deixando a discrepância em relação ao cabo menor.
O carregamento sem fio também traz a temperatura elevada durante a recarga. Deixar o telefone no bolso com a bateria acoplada, por exemplo, pode fazer com que o calor gerado não se dissipe corretamente e, sem uma refrigeração adequada, o telefone irá reduzir a potência ou até pausar o carregamento para evitar superaquecimento, o que, novamente, atrasará ainda mais a recarga.
Dado o tempo de recarga drasticamente superior utilizando o Qi2, suponho que ainda continuarei utilizando o fio para recarregar o meu telefone. Imagino que utilizarei a recarga sem fio apenas em casos esporádicos, quando como utilizar ou levar o cabo me incomodar.
Com a recarga sem fio sendo a minha secundária, perco o principal benefício e justificativa do preço pago na Anker MagGo e passo a ter uma bateria sem fio simples com uma única USB-C, que pode ser inconveniente às vezes.
Se a powerbank da Anker ao menos tivesse duas ou mais saídas USB, eu diria que a MagGo seria uma opção excelente, já que o carregamento sem fio poderia ser tratado apenas como um extra. Todavia, como a bateria está hoje é evidente que a recarga com fio é tratada como principal.
Dito isso, acho que a MagGo é uma boa opção, já que pode ser utilizada com e sem fio conforme seu desejo, mas que cobra um preço um elevado para o que entrega, como recargas com a metade da potência e o dobro do tempo.
Possuir uma powerbank sem fio pode ser útil às vezes, mas isso só deve ser considerado caso essa seja a sua primeira powerbank e a encontre com um preço condizente.